domingo, 8 de março de 2015

Suas panelas não nos calarão!

Já escrevi muitos comentários ácidos sobre o 08 de março e os parabéns, flores, bombons e presentes hipócritas que recebemos, como uma compra pelos outros 364 dias de opressões cotidianas, em meu perfil no facebook. Queria escrever algo diferente no blog. Pensei, inicialmente em falar um pouco sobre várias mulheres importantes na história do feminismo e na luta por direitos, mas, há poucas horas, algo mudou o rumo desse post.
O que me fez mudar foi o pronunciamento da Presidenta Dilma Roussef em cadeia nacional. Pronunciamento muito bom por sinal, que me trouxe um certo alívio em meio ao caos. Entretanto, as manifestações em meio ao pronunciamento serão o real motivo desse post. Durante o pronunciamento da presidenta, em várias capitais do país, o que foi realmente notícia foram os "panelaços", onde pessoas, das janelas e varandas de suas casas, se manifestaram gritando entre "fora Dilma" e "fora PT", adjetivos como "vaca", "vagabunda", "piranha". Isso em pleno 08 de março.
Ora, o que se passa na cabeça de uma pessoa que durante o dia dá parabéns e pede respeito às mulheres e, à noite chama uma mulher (independente do cargo de ocupa) desse tipo de coisa? O que se passa senão a mais latente misoginia? Pegar numa panela (será que já tinham pego em alguma antes) para chamar uma mulher de vaca... Entendem o simbolismo que há nisso? Nos dão panelas a vida inteira, dizem que nosso lugar é num fogão e... quando uma mulher alcança o mais alto escalão do Estado, batem em panelas e a xingam pelo lugar que ela ocupa. É como se gritassem: "Volte para as panelas! Seu lugar é junto das panelas!" Assim como imaginam ser o lugar de toda mulher.
Triste fim para um 8 de março, não? Um dia que significa a luta de milhares de mulheres ao redor do mundo por mais direitos, por maior ocupação dos espaços de poder, por mais voz... terminar com uma mulher silenciada de uma forma tão brutal. Muito triste ver que, depois de tantos anos, ainda há tanto a se lutar e o quanto todos os parabéns e flores continuam tão hipócritas quanto há 100 anos atrás.
O problema (para eles) é que seus gritos e panelaços não nos calarão.
Se opressão fizesse-nos calar a boca, já estaríamos mudas. Não nos calaremos! Os Cunhas, Calheiros, Bolsonaros, Felicianos, Neves e tantos outros misóginos não nos verão cair. Assim, como os torturadores não fizeram Dilma abaixar sua cabeça. Nossa luta se fará ainda mais forte ao som das suas panelas, aos seus gritos de "vagabunda", "piranha", às suas ameaças e sua violência. Estaremos ainda mais unidas, mais firmes.
Lutar por Dilma, após esse 8 de março se faz ainda mais latente. Lutar por Dilma hoje tem que ser uma luta de todas as mulheres. Pois lutar por Dilma é sim, lutar pra que um dia tenhamos mais espaços de poder. Pra que ter uma presidenta signifique, enfim, ter direitos iguais. Lutar por Dilma hoje, pra essa que vos escreve, é lutar pra que nós nunca mais sejamos silenciadas
E nós lutaremos, ao seu lado, companheira, irmã, mulher como todas nós. Sua luta é nossa.


Mexeu com uma, mexeu com todas!


Edit: Isso porque não vamos falar disso aqui:
Valeu pela bela homenagem, Globo. Não esperava mais de você.

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